Ele chegou, com o tema a ser constelado.
Tinha uma boa carreira, sabia desde muito cedo qual seria sua profissão e, como poucas pessoas já sabem na sua idade, sabia que aquela carreira escolhida era o que traria felicidade e satisfação profissional.
Quando perguntei qual o tema então que o havia trazido até nossa sessão, ouvi uma série de explicações sobre como a carreira tinha deslanchado bem. Como o emprego na última empresa tinha ido bem, e como o desligamento e consequente falta de recolocação profissional o estavam impactando.
Voltei, e fiz a mesma pergunta: Tudo bem, mas qual o tema que te traz aqui hoje?
Ele me olhou e falou: “- não sei, estou perdido!”
E aí sim eu pude iniciar a constelação familiar.
Algumas vezes nós direcionamos nossa vida para os lugares que pensamos serem os mais adequados. E não tem nada de errado nesse direcionamento. Afinal, melhor nós direcionarmos do que sermos levados, sem protagonismo pelas escolhas, né?
Quando as coisas não saem exatamente como gostaríamos que saíssem, podemos ter várias reações, e todas elas vêm de dentro: sentimento de estar perdido, sentimento de “ufa, agora posso testar outra coisa”, sentimento de fracasso…
O que, muitas vezes não fazemos é ouvir o essencial. O detalhe, a questão.
Para constelar é preciso ouvir o essencial. Menos é mais.
Para constelar, para olhar o ponto-chave da questão das pessoas que chegam no meu consultório, é preciso ouvir o essencial. Para isso, é preciso falar pouco. Ouvir pouco. E, mais do que ouvir e falar, é sentir.
Bert Hellinger diz que o constelador está em um lugar afastado da questão, porém cheio de amor.
O que isso quer dizer?
Estar afastado é observar de outro ângulo. Cheio de amor e empatia.
Que estar afastado não é estar distante, sem prestar atenção. Pelo contrário. Quando estamos afastados é que podemos ver melhor, sem nos envolvermos com os emaranhados das pessoas de dentro daquele sistema. Que, estando afastados, podemos olhar para o que representa aquela situação apresentada, e então perceber as nuances, os detalhes. O que os olhos físicos não conseguem ver, mas os olhos da alma percebem.
E então surge a imagem. E quando a image surge, a alma vê e percebe qual o caminho a ser seguido. Com os olhares, as posições, as frases de cura, forma-se outra imagem, a da solução.
Forma-se então a imagem da solução.
A imagem da solução é a que é possível de acontecer. Algo que o constelado precisa ver e precisa sentir e então fica claro o papel do constelador: apenas mostrar e deixar que a imagem toque a alma do constelado. Quando o constelado observa, ele sabe que o caminho existe, e que depende dele, do seu protagonismo e da sua conexão com a sua essência e o seu campo familiar, para que a solução chegue, com amor.