Constelação Familiar e As Ordens do Amor

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Bert Hellinger, o pai das Constelações Familiares, escreveu esse lindo texto sobre as Ordens do Amor.

“O amor preenche o que a ordem abarca.
O amor é a água, a ordem é o jarro.
A ordem reúne,
o amor flui.
Ordem e amor atuam unidos.
Como uma canção obedece às harmonias,
o amor obedece à ordem.
E, como é difícil para o ouvido
acostumar-se às dissonâncias,
mesmo que sejam explicadas -,
é difícil para a alma
acostumar-se ao amor sem ordem.
Alguns tratam essa ordem
como se ela fosse uma opinião
que eles podem ter ou mudar à vontade.
Contudo, ela nos é preestabelecida.
Ela atua, mesmo que não a entendamos.
Não é inventada, mas descoberta.
Nós a percebemos, como ao sentido e à alma,
por seus efeitos.”

Bert Hellinger, em O Amor do Espírito

O que é a ordem e o que é o amor?

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Uma vez, em uma conversa entre amigos tentamos entender o que é a ordem e o que é o amor, e porque Bert afirma que a ordem vem antes do amor. Enfim, esse texto foi o que eu encontrei de mais explicativo nesse sentido, e que fez sentido para mim. Gostei muito da figura de linguagem da ordem ser como o jarro e o amor ser a água. Fica claro então, que o amor existe sem a ordem. Mas ele fica muito melhor, e muito mais livre para atuar e fluir se tem a ordem por trás, como pano de fundo.

Imagina um rio, em que as margens estão muito irregulares, em alguns momentos formando verdadeiros “gargalos”. Ou mesmo quando tem muita coisa no fundo, muitas pedras ou mesmo muitos detritos. A água flui com mais dificuldade, não é mesmo? Então… É nesse nível que a constelação atua. Se a gente corrige a margem, ou se faz um desassoreamento do rio, é de se esperar que a água flua com mais correnteza, que jorre mais, que tenha mais abundância. E assim é o amor com ordem. A gente, ao trabalhar nas constelações, percebe a vida fluindo de uma maneira diferente, a prosperidade, os relacionamentos, a saúde física – tudo flui melhor. Tudo entra em ordem e pode ter um espaço para crescer dentro da nossa vida.

A Base da Constelação Familiar

A Constelação Familiar é então baseada no conceito das Ordens e do Amor.

Para que o amor flua, é preciso estabelecer a ordem dentro do sistema familiar.

As ordens do amor, são essas:

  • Direito de Pertencer;
  • Hierarquia;
  • Equilíbrio de Troca.

As Ordens do Amor

A primeira ordem é o Direito de Pertencer.

Todo sistema familiar inclui a família toda, certo? Sim, assim deveria ser…

Mas e quando um pai tem um filho fora do casamento? Ou quando temos um parente, que está com depressão e parece que não quer levantar da cama? Ou então quando temos um irmão/irmã dependente químico?

O que acontece é que nós, por conta do nosso julgamento, já colocamos rótulos de certo e errado em tudo o que nos cerca. E dessa maneira, nós tentamos excluir o que parece errado. E aí começa a desordem. Tudo tem o Direito de Pertencer!

A segunda ordem, a hierarquia, diz que quem veio primeiro é maior do que quem vem depois. Isso com nossos avós, que são maiores do que nossos pais. E depois nossos pais que são maiores do que nós, e nós maiores do que nossos filhos.

Ok, essa parece fácil. Só que, e quando um filho acha que sabe mais que os pais? Tem mais sucesso profissional, conquista mais bens, e por isso acha que sabe mais da vida do que os pais? Ai ocorre a inversão de hierarquia – desordem!

A terceira ordem, o equilíbrio de troca, diz que para entrarmos no jogo da vida, temos que estar dispostos a trocar. A dar, e a receber em troca. Algumas vezes queremos dar muito, e ao dar muito, nos sentimos superiores à quem estamos dando. E adivinha? A pessoa que recebe muito perde a dignidade, ela se sente inferior. E, por saber que nunca vai conseguir devolver na mesma altura, ela foge da gente. Quando eu falo em dar, não são só apenas em bens materiais não. Tem a ver com atenção, carinho, amor…. E isso é tão comum nos relacionamentos… Portanto, mais uma desordem pra conta!

A Ordem do Direito de Pertencer 

“O Vínculo

A consciência nos vincula ao grupo que é importante para nossa sobrevivência, sejam quais forem as condições que ele nos imponha. Ela não está acima desse grupo, nem acima de sua fé ou superstição. Está a serviço dele.

Assim como uma árvore não determina onde cresce, e se desenvolve de forma diferente em campo aberto ou no bosque, no vale protegido ou na montanha exposta, assim também uma criança se submete ao grupo de origem sem questionar, e adere a ele com uma força e uma persistência só comparáveis a um caráter. A criança experimenta esse vínculo como amor e felicidade, quer ela possa florescer, quer tenha de murchar no grupo.

A consciência reage a tudo que promova ou ameace o vínculo. Dessa maneira, temos boa consciência quando agimos de uma tal forma que nos assegure de ainda pertencer ao grupo. E temos má consciência quando nos desviamos das condições impostas pelo grupo de tal forma que receamos ter perdido, em parte ou no todo, o direito de pertencer-lhe.

Contudo, ambos os lados da consciência servem a um propósito único.”

No Centro Sentimos Leveza, Bert Hellinger, 2006

Começo falando sobre o Direito de Pertencer com esse maravilhoso trecho do livro do Bert, falando sobre o vínculo. É com essa força que nos vincula ao nosso sistema familiar, que temos ligados à nós e ao nosso inconsciente o direito de pertencer.

Muitas vezes, por arrogância moral, colocamos em uma “caixinha” de certo ou errado as situações. Com isso acabamos por julgar pessoas e julgar acontecimentos. Daí, com esse olhar de quem sabe tudo, inclusive o que é certo e errado, excluímos de nosso sistema algo que dói ou incomoda olhar. Um parente portador de dependência química. Um filho fora do casamento. Um ex-namorado que não tem mais espaço na nossa vida atual.

Esses são alguns exemplos. Olhar para essas situações dói, então a gente prefere esquecer e excluir. Quando a gente viola uma das ordens, o sistema familiar tenta se reequilibrar de alguma maneira. E quando a ordem que foi violada é a do Direito de Pertencer, o que normalmente acontece é que algum familiar se identifica com quem foi excluído e passa a representar essa pessoa no sistema, trazendo-a de volta, porém em um movimento de desordem.

Em alguns casos podemos ver que determinada pessoa apresenta comportamentos que não são dela. Ela está trazendo para o sistema algo que é necessário que as pessoas olhem. E com esse olhar, que possam curar e incluir novamente no sistema familiar o que havia sido excluído.

Um exemplo que eu já presenciei em uma constelação, foi de uma pessoa portadora de dependência química. Algumas vezes, toda a hierarquia familiar (filho, pai, avô, bisavô e por aí vai…) apresenta a doença. Quando olhamos para esse sistema, vemos que um ancestral distante foi excluído e, por conta disso, todos os outros membros da família buscam incluí-lo, para que ele, o primeiro, seja olhado e trazido de volta ao sistema familiar – e eles faziam esse movimento através da dependência química.

Por isso que é tão importante percebermos o quanto estamos vinculados e quanto somos fiéis à consciência do nosso sistema, que aprendemos desde muito cedo, ainda crianças. Esse vínculo tem uma força muito grande, que faz com que façamos de tudo para pertencer. Mesmo que tenhamos que exercer papel de outra pessoa, trazendo à tona situações que nossa família precisa ver.

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A Ordem da Hierarquia

Uma das descobertas de Bert Hellinger é que uma das ordens que regem nossos relacionamentos e nosso sistema familiar, é a ordem da Hierarquia. Sem ela, vivemos em desordem. As causas naturais das coisas parecem se perder, e não entendemos muito bem por que as coisas não dão certo, mesmo quando amamos muito e por mais esforço que despendemos nas relações com as outras pessoas.

Infelizmente, uma das ordens que mais acabo vendo é a da hierarquia sendo desobedecida, nas constelações que conduzo.

Sempre, em minhas palestras, pergunto: quem ama incondicionalmente?

E normalmente a resposta do público é, depois de um tempo pensativos: “a mãe”!

O Bert diz, por mais difícil que seja de enxergar e aceitar, que quem ama incondicionalmente e verdadeiramente é o filho. Sim, o filho que acaba de nascer!

A mãe, ou o pai, antes de saber o sexo, antes de saber qualquer coisa sobre o filho, secretamente pensa, ou pede aos céus, que seu filho venha com saúde, que seja “perfeito” nas condições físicas e mentais. Claro que afirmamos que amamos de qualquer maneira, mas bem lá no fundo, é como se colocássemos uma série de condições para amar, antes do nosso filho nascer.

Quem, de fato, ama incondicionalmente é o filho. Ao nascer, a criança olha e ama os pais, que o trouxeram à vida, com olhinhos cheios de amor. E esse amor é capaz de tudo, de fazer todo o necessário, tudo o que os pais precisam. Tudo mesmo!

E é aí que mora a inversão da hierarquia. Quando os pais precisam de muito, os filhos deixam seus lugares de filhos, e assumem uma postura de tentar resolver os problemas dos pais. Em algumas constelações já pude perceber o quanto o filho adoece para fazer os pais olharem para algum problema. É como se ele secretamente dissesse: “Se vocês não olham, eu fico doente para fazer vocês olharem. Ao olharem para mim, vocês olham para o problema.” Ou então, em situações em que o filho está identificado com algum parente, ou algum sentimento necessário para a família ver, assimilar. Ele traz para a vida dos pais e dos familiares aquele comportamento, e todos olham.

Veja que não basta tratar a doença do filho, ou o comportamento que ele apresenta. Se o que o filho quiser mostrar não for de fato olhado, ou seja, o que está por trás da doença, do comportamento ou atitude. Se não for percebido e resolvido pelos pais, ele vai procurar, inconscientemente, mostrar de outra maneira. E enquanto esse movimento acontece, os envolvidos não podem caminhar para a sua verdadeira vida. Ficam presos a histórias do passado e de outros e não em suas reais histórias.

A causa desse emaranhamento é exatamente essa inversão da hierarquia, em que os filhos acham que podem resolver os problemas dos pais. Pura e simplesmente por amor. É um emaranhamento no sistema familiar, é um caos de certa maneira que precisa ser colocado em ordem para que o amor volte a fluir.

Mais uma vez podemos ver que a ordem precede o amor. Não basta amar se não houver a ordem. A vida e os nossos caminhos não fluem.

A Ordem do Equilíbrio de Troca

Você já esteve em um relacionamento em que gostava mais da outra pessoa do que ela gostava de você? E, por mais que você tenha se esforçado para fazer tudo por ela, ela acabou indo embora? Ou já aconteceu o contrário? Você gostava do outro sim, mas ele se entregava mais, queria ficar mais, dava mais do que você podia corresponder e você acabou cansando de certa forma e foi embora da relação?

Isso é um exemplo de uma troca desequilibrada! É bem frequente vermos isso nas constelações sistêmicas. Tanto trocas desequilibradas em relações afetivas como eu coloquei acima, mas também trocas desequilibradas na prestação de serviços, nas amizades, nas relações empregador-empregado e outras.

E por que a ordem do Equilíbrio de Troca é tão importante para olharmos em uma Constelação Familiar?

É que, para vivermos, estamos sempre trocando.

Bert Hellinger diz uma frase que é assim: “Quem não troca, não entra no jogo da vida.” E é verdade! Se nós queremos crescer como seres humanos, precisamos nos relacionar com outras pessoas. E daí que vem o “como” se relacionar.

As únicas trocas que são desequilibradas de fato são as dos nossos pais, e dos nossos professores/mestres para nós. Nossos pais nos deram a vida, e por mais que nos esforcemos em dar tudo em nosso alcance em troca para eles, nunca poderemos chegar à altura de dar algo tão grande. Sem eles não estaríamos aqui, então devemos nossa gratidão e sempre nosso primeiro passo para irmos até eles. Nossos professores nos deram conhecimento, ensino. Também não conseguimos retribuir isso a eles, e podemos então retribuir para outras pessoas, passando conhecimento adiante, aplicando o que aprendemos. Assim, a vida segue em ordem.

Algumas coisas aprendemos com essa ordem. Por exemplo, é importante sabermos que nossos cônjuges não devem pagar nossos estudos. Quem pode pagar nossos estudos somos nós mesmos ou nossos pais, quando ainda não trabalhamos. Se nosso marido/esposa nos paga nossos estudos, ele se coloca na posição de nosso pai/mãe, e começa a desordem, então precisamos olhar o sentimento que está por trás disso.

Nos nossos relacionamentos estão o maior “material” de aprendizado sobre essa ordem, como comecei falando com você! Quando percebemos que estamos em um relacionamento em que só recebemos, precisamos avaliar porque não damos nada em troca. Será que olhamos para nosso parceiro como nosso pai ou nossa mãe, e por isso esperamos que ele nos dê tudo? Quando é o contrário, ou seja, quando damos demais, que sentimento será que está por trás? Será que temos medo de perder, por isso tentamos segurar algo que não é, não será nosso? Quem estamos com medo de perder?

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Se você chegou até aqui é porque sentiu algo em seu coração sobre tudo que eu escrevi nesse texto…

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Beijos,
Ju Isliker

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