O nosso impulso criativo está muito localizado na nossa capacidade de nos sentirmos poderosos, onipotentes, indestrutíveis. Você já fez essa reflexão?
Quando nos sentimos assim, é como se ninguém nos impedisse de fazer coisas novas, que podemos até considerar como loucuras, mas que por vezes acabam sendo rompantes de criatividade e que nos levam para lugares muito novos e muitas vezes melhores do que onde estávamos.
Essa afirmação inicial é de fato bem forte, mas é algo da teoria winnicottiana, de que gosto muito.
Winnicott foi um pediatra e psicanalista que trabalhou essencialmente com crianças. Nos seus estudos, ele entendeu que a criança cria o mundo próprio a partir dos momentos em que vai se distanciando dos seus cuidadores. E, para testar se esse mundo é dela mesma, ou se é algo da sua fantasia, ela vai tentando destruir esse mundo. Até que tenta destruir a mãe e a mãe volta… e a criança vai começando a perceber que então existe um mundo criado por ela, que não sobrevive aos seus impulsos destrutivos, e outro que é o mundo externo, que sobrevive a esses impulsos
“ É bom recordar que o brincar é por si mesmo uma terapia” – Winnicott, D. W.
Esse processo todo envolve esses rompantes de destruição, criatividade e onipotência.
Se pararmos para pensar que todos fomos crianças um dia, e que passamos por todo esse processo, dá para entender de onde vem a nossa criatividade.
E o mais interessante é podermos ver, na clínica, que muitas vezes essa criatividade está perdida dentro da pessoa, por um medo de não-adequação a um mundo que ela mesmo criou dentro dela. E é lindo de ver quando a pessoa vai conseguindo se encontrar em meio ao seu mundo e podendo exercer a sua criatividade de novo, à sua maneira.
Fez sentido para você?
