Sou uma estudiosa por natureza, desde que me conheço por gente!
O que toca meu coração mesmo, e que hoje eu vejo que é minha missão, é conhecer e entender melhor os comportamentos humanos, buscar formas de que as pessoas possam viver melhores e mais satisfeitas com as suas escolhas, sendo protagonistas de suas vidas.
Durante meus estudos me deparo frequentemente com essa pergunta: a Psicanálise tem algo a ver com a Constelação Familiar, ou a Constelação Familiar tem algo a ver com a Psicanálise?
O que veio primeiro afinal?
Aqui a resposta é bem simples: a Psicanálise nasceu bem antes. Freud começou seus estudos antes de 1900 e foi ele que deu lugar a algo muito interessante e que não era tão explorado desde então, que era o inconsciente.
Vejam só, antes de Freud não entendíamos que o homem era movido por desejos que nem ele mesmo conhecia, ou seja, não era governado apenas por pensamentos racionais, e sim movido por desejos inconscientes, muitas vezes reprimidos e que eram expressados de diversas formas.
“ O Eu não é senhor em sua própria morada.” – Freud, S.
Na época que Freud começou a atender e estudar, ele tinha inúmeros casos de mulheres histéricas, e por isso por muito tempo se achou que a histeria era uma patologia feminina.
Esse por muito tempo foi compreendido como o início da psicanálise.
O que era a histeria estudada por Freud?
Quero só ressaltar que estou escrevendo de uma maneira muito simplista!
Podemos entender que era uma somatização: as mulheres daquela época não queriam ser como suas mães, porém não queriam também sair às ruas para mudar, para fazer diferente.
O que acontecia então era que ficavam doentes, o corpo mostrava o que estava acontecendo.
Hoje temos um olhar muito mais completo sobre somatizar as dores que nos vêm na alma, sobre o sintoma ser uma resposta do corpo, para algo que exige um posicionamento, não é?
Naquela época então, Freud trabalhou em algo que ele chamou de “cura pela palavra”, que era o início da psicanálise.
Falar, falar livremente, fazer associações, trazer aqueles atos-falhos que tanto ouvimos – tudo isso para uma sessão em que se pode conversar com um analista sem julgamento, apenas colocando suas ideias, pensamentos, inquietações, angústias para fora por meio da palavra.
Para que assim a palavra possa ser ouvida também por quem está falando, e quando ela é ouvida ela pode ser vista de uma outra perspectiva e pode ter um novo significado.
Bom, você sabe da minha paixão pela Constelação Familiar.
Paixão tão grande que hoje eu vivo dando aulas, atendendo, explicando sobre a Constelação Familiar, para que ela atinja mais pessoas, e que possa mudar a vida das pessoas para melhor, para um lugar de mais consciência e escolhas, como eu mudei a minha vida, há mais de 6 anos.
O que aconteceu então com a explicação sobre a Psicanálise que eu estava contando?
Bom, quando eu comecei a mergulhar mais profundamente na Constelação Familiar, eu percebi que a metodologia desenvolvida por Bert Hellinger (sinceramente eu acho que a palavra metodologia diminui o que ele construiu, mas eu não consegui encontrar uma palavra melhor), tinha tudo a ver com a abordagem psicanalítica.
Primeiro ponto sobre a Constelação Familiar: partia do inconsciente, ou seja, do que se sabe, se sente, mas não se vê. Segundo ponto: o que vemos em uma sessão de Constelação Familiar é o possível do que podemos trazer à tona do que vai lá dentro (olha o inconsciente de novo) e criar um novo significado a partir de um olhar de fora, de ver a própria questão por meio de representação.
E a cura, vem como?
A cura vem quando eu entendo a realidade como ela é, todas as pessoas como elas são, as coisas como elas são, e também quando eu percebo que eu tenho uma parcela grande de responsabilidade pela fantasia que eu mesmo criei, e que muitas vezes se traduz em emaranhados, e em questões que eu trago para mim mesma.
E aí podemos ver a semelhança com a “cura pela palavra”, da psicanálise – e a “cura pela imagem”, da constelação familiar.
As diferenças são grandes, é claro.
A psicanálise é um trabalho extenso, contínuo, com um espaço grande para você mesma se ouvir e se entender. A constelação parte de uma visão mais curta, de uma imagem.
E a partir da sessão, pode-se formar uma nova imagem e criar uma nova realidade a partir dela.
A beleza existe nos dois processos, e é por isso que eu escolhi atender das duas formas.
Podemos a partir de uma imagem criar um novo significado e uma força pra a mudança, e nos direcionarmos para o que buscamos, sem emaranhados.
Porém, durante meus anos de atendimento, percebi que algumas vezes, a imagem não basta e é preciso algo que eu chamo de repertório emocional, ou seja, é algo mais ou menos assim: – você conhece o caminho para a cura, sabe o que tem que fazer para a cura, mas não necessariamente você se conhece suficiente para encontrar as ferramentas dentro de você mesma para fazer esse movimento.
O que vai ser preciso é desenvolver ou encontrar esse repertório dentro de você.
E meu aprendizado é que esse processo é muito melhor feito de maneira contínua, conversando, aprendendo sobre você, entendendo sobre você, com amor, com calma, acolhimento e paciência.



3 comentários sobre “A Psicanálise tem algo a ver com a Constelação Familiar?”
O estudo da psicanálise também é importante para as pessoas que trabalham nas áreas de vendas, relações pública e magistério, entre outras.
É acerca da caminhada, não do ponto de chegada, né Ju?
muito bom esse artigo! Adorei!